sábado, 10 de outubro de 2015

Queremos paz em Moçambique


Terminou o cerco à residência de Dhlakama













EXCLUSIVA: vemos com preocupação aqui no Brasil este recrudescimento de rivalidade que ameaça a precária paz de Moçambique. Torcemos  para que tudo se resolva em paz.











Escrito por Redação  em 10 Outubro 2015


O presidente do partido Renamo disse nesta sexta-feira(09) que mandou entregar as armas da sua guarda para evitar um banho de sangue junto da sua casa na cidade da Beira e exigiu a libertação imediata dos seus homens detidos. "Para mim, (o cerco e assalto à residência) é o começo da reintegração", afirmou Dhlakama. Não houve ainda nenhuma posição oficial do Governo moçambicano sobre estes acontecimentos, que não contribuem para a paz, classificados pela rádio estatal como "uma operação de desarme da guarda de Afonso Dhlakama".

"Estou a pedir que sejam libertados incondicionalmente agora. Porque não quero fazer aproveitamento político, chamar a população, fazer manifestações, destruir a Beira", afirmou o presidente do partido Renamo aos jornalistas ao fim da tarde na sua residência, que foi cercada e invadida por forças governamentais, da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e do Grupo Operativo Especial (GOE), alegadamente para reclamar a entrega de armamento, numa operação que resultou na detenção de elementos da guarda do dirigente de oposição.


Afonso Dhlakama confirmou a entrega de 17 armas aos mediadores do processo de diálogo entre Governo e Renamo, que por sua vez o deixaram à responsabilidade da polícia, mas admitiu que nesta sexta-feira esteve perto de dar ordem de retaliação. "Subiu a tensão. Queria mesmo dar ordem para rebentar com isto tudo, ocupar isto tudo, porque temos capacidade para isso", declarou, acrescentando que depois acabou por se conter: "Como cristão, arrefeci e comecei a rir-me".

Segundo o líder do maior partido da oposição, "não há guerra, não há confusão", mas uma ordem de fogo podia ter deixado dezenas de mortos, sublinhando que proibiu uma suposta intenção da população local de iniciar acções violentas com paus e machados.

Dhlakama disse que os incidentes de começaram com uma alegada intenção das forças governamentais de recuperar três armas que terão sido capturadas pelos homens do seu partido, no incidente com as forças de defesa e segurança no passado dia 25 em Gondola, província de Manica.

O maior partido da oposição disse na ocasião que foi emboscada pelas forças de defesa e segurança, que, por sua vez, negaram qualquer ataque e indicaram que apenas se dirigiram ao local para repor a ordem pública, após a morte de um motorista civil e pela qual responsabilizam os homens de Dhlakama.

"Confirmo que no dia 25 capturámos armas em Amatongas (Gondola). Afinal foi o Ministério (do Interior) que nos atacou. Ainda bem, pensava que tinham sido bandidos. Fiquei mesmo satisfeito", ironizou Dhlakama, que reapareceu na quinta-feira na Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, na sequência daquele episódio.

Nesta sexta-feira na capital de Sofala, segundo Dhlakama, houve empurrões entre os seus homens e agentes da polícia, que, nessa altura já tinha cercado a sua casa com um forte dispositivo, e que um dos militares da Renamo se preparava para disparar com uma arma Ak-47. "Eu gritei 'não faça isso', não arranje problemas, a guerra acabou há muito tempo'", descreveu o líder da Renamo, insistindo que não quer retaliações nem "banho de sangue".

Ainda na sua narração dos acontecimentos, Afonso Dhlakama afirmou que a reivindicação das armas dos homens da sua formação política foi posterior e que recebeu também a ordem de dispensar a sua guarda pessoal e aceitar a protecção da polícia.

Ao fim da manhã, Dhlakama estava reunido na sua residência com os mediadores e com a governadora da província de Sofala e ficou decidido que as armas seriam entregues aos observadores, enquanto a oferta de protecção policial ficava ignorada.
O líder do partido Renamo frisou que se recusava a entregar as armas à polícia, acusando-a de servir o partido Frelimo (no poder) e que rejeita igualmente "ser guarnecido em casa como um prisioneiro".

Remetendo uma posição de fundo para uma conferência de imprensa em breve, Dhlakama sinalizou que o próximo passo deverá ser a reintegração dos homens armados do movimento nas forças de defesa e segurança. "Para mim, (o incidente) é o começo da reintegração. Estamos a insistir que, depois disto, o passo seguinte, já para a semana, haja unidades da Renamo e da Frelimo a serem treinadas na polícia", assinalou.

Antes dos acontecimentos desta sexta-feira na Beira, registaram-se três incidentes armados em três semanas com a Renamo, dois dos quais envolvendo a comitiva do presidente do partido.

Moçambique vive novos momentos de incerteza política, provocada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado e pela sua proposta de governar nas seis províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

O Governo, salvo a Governadora de Sofala que esteve presente na residência onde está Afonso Dhlakama, ainda não se pronunciou sobre este novo incidente que tudo leva a crer for orquestrado ao mais alto nível. "(...)As forças de defesa e segurança verificaram que a guarda de Afonso Dhlakama dispõe de equipamentos que ultrapassa os níveis de segurança de uma individualidade. As forças de defesa e segurança iniciaram uma operação de desarme da guarda de Afonso Dhlakama e de verificação da origem do equipamento bélico ", difundiu a rádio estatal num aparente comunicado embora não tenha citado a sua fonte.

O Presidente da República e Comandante em Chefe, Filipe Nyusi, esteve a fazer de anfitrião do seu homólogo da Tanzania, Jakaya Kikwete, que visitou Moçambique entre quinta-feira e sexta-feira.

Entretanto os mediadores do diálogo entre o Governo moçambicano e a Renamo expressaram a convicção de um encontro em breve entre o Presidente da República e o líder da oposição para ultrapassar a violência política no país. "O sentimento que temos é que ambos os lados acham que (o diálogo) deve acontecer muito em breve", disse Dinis Sengulane, em nome dos mediadores do diálogo entre Governo e o partido Renamo.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Portas abertas tambem para os africanos




Brasil e Acnur fazem parceria para melhorar processo de vistos a refugiados.

  • 05/10/2015 19h36
  • Brasília
Da Agência Brasil








O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) e o Alto Comissariado para Refugiados (Acnur) firmaram hoje (5) parceria para melhorar o processo de concessão de vistos a refugiados da Síria, informou o Ministério da Justiça.

De acordo com o ministério, o objetivo da parceria é definir procedimentos e ações conjuntas, além de auxiliar as unidades consulares brasileiras na emissão de documentos, para o processamento rápido ao conceder vistos especiais.

A cooperação prevê intercâmbio de informação, conhecimento e experiência, atividades de treinamento e capacitação, assim como técnicas de entrevista e de identificação de potenciais candidatos aos vistos brasileiros.

As atividades acertadas hoje em Genebra serão implantadas inicialmente nas representações brasileiras na Jordânia, Líbano e Turquia. Segundo o ministério, os resultados serão avaliados pelo Brasil e pelo Acnur em março do ano que vem. Caso a avaliação seja positiva, os procedimentos poderão ser aplicados em outras localidades.

O acordo de cooperação entre Brasil e Acnur é consequência da Resolução Normativa nº 20, editada pelo Conare em 21 de setembro, e que prorrogou por mais dois anos a Resolução Normativa nº 17. 

Desde 2013, a norma facilita a concessão de vistos especiais a pessoas afetadas pelo conflito na Síria. A medida permite que vítimas do conflito no Oriente Médio possam vir ao Brasil e solicitar refúgio com base na Lei 9474/1997 e nos acordos internacionais.

Entre os cerca de 8.530 estrangeiros reconhecidos como refugiados pelo Brasil, os sírios representam o maior grupo (2.097 pessoas).

"A política de portas abertas foi recentemente prorrogada por mais dois anos. Continuamos a buscar formas de aprimorar sua implementação e seus resultados. É possível fazer mais. É preciso fazer mais", disse o presidente do Conare, Beto Vasconcelos.
Edição: Armando Cardoso